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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

APOCALIPSE 4 - O Santuário do Céu, Cenário do Juízo


O SANTUÁRIO TERRESTRE, SOMBRA DO SANTUÁRIO CELESTIAL

 O quarto capítulo do livro do Apocalipse revela o início da obra de Jesus no Céu, logo depois de Sua ascensão. Ele mostra o cenário do Tribunal do Altíssimo, onde se encontra o Seu alto e sublime trono e também os protagonistas do grande acontecimento que é o ministério de Jesus no Céu, em favor de todos os que herdarão a vida eterna. Todas as cerimônias prefiguradas pelo antigo ritual no Santuário Levítico, no passado, que serviu de aio até à vinda do Messias, têm agora cumprimento real e literal, desde que Jesus retornou ao Céu.

Todo o Evangelho se resume no ritual do Santuário. Primeiramente no tabernáculo terrestre, antes de Jesus vir pessoalmente à Terra. E depois, quando Ele retornou ao Céu, ao Seu trono e ao Seu Santuário. Este tema, portanto, é o centro do Evangelho Eterno. É a obra de Jesus, exemplificada em símbolos no ritual de sacrifícios do Antigo Testamento e agora executada no Santuário Celestial. A Palavra de Deus afirma, de maneira clara e simples:

“O teu caminho, ó Deus, está no santuário...” (Salmos 77:13).

É impossível compreender o plano de Deus revelado na Bíblia Sagrada, em todos os seus sentidos, sem penetrar o significado deste sagrado ensinamento. Ele é a base da verdadeira fé cristã.

O Santuário Celestial, onde está o trono do Deus Eterno, é a Suprema Corte ou o Tribunal da justiça do Criador. Tudo o que hoje se realiza ali foi prefigurado em símbolos há mais de três mil anos. Todo o seu significado foi revelado por Deus a Moisés e ensinado às gerações de Israel, tendo parcial cumprimento na cruz do Calvário.

Mas o plano de Deus não terminou com o sacrifício da cruz. Ele continuou e se desenvolve até os nossos dias, indo mais além, até à consumação do plano divino, no futuro, quando se fará a total separação entre justos e iníquos, entre os que herdarão a vida eterna e os que serão condenados à definitiva morte.

O fim do julgamento no Santuário Celestial é também o fechamento da porta da graça, quando o destino de todos os seres que viveram em todos os tempos e os que estiverem vivos na Terra estará definitivamente selado. Todos terão sido julgados, seus destinos eternamente definidos para a vida ou para a morte, antes da volta de Jesus.

Ao libertar a multidão dos filhos de Israel da escravidão no Egito Deus iniciou a execução do Seu plano, organizando aquele povo e fazendo dele uma grande nação. O Criador do Universo, o Grande EU SOU, decidiu-Se a acompanhar o povo que adotou como Seu mensageiro e Sua testemunha e instrumento para que O revelassem ao mundo. Ele disse a Moisés:

“E Me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êxodo 25:8).

Para este propósito o Senhor mostrou a Moisés o Seu palácio, o próprio Santuário Celestial e parte de seu mobiliário, como amostra para que a edificação terrestre fosse construída e mobiliada exatamente como o modelo original. Deus disse:

“Conforme a tudo o que Eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus vasos, assim mesmo o fareis”. (Êxodo 25:9).

Depois de mostrar a Moisés o Seu grande palácio no Céu, lugar de onde governa o Universo, o Grande Rei recomendou:

“Atenta, pois que o faças conforme ao seu modelo, que te foi mostrado no monte” (Êxodo 25:40).

E assim foi feito:

“Assim se acabou toda a obra do tabernáculo da tenda da congregação; e os filhos de Israel fizeram conforme a tudo o que o Senhor ordenara a Moisés; assim o fizeram” (Êxodo 39:32). “Viu, pois Moisés toda a obra, e eis que a tinham feito; como o Senhor ordenara assim a fizeram; então Moisés os abençoou” (V. 43).

O apóstolo Paulo, muitos séculos depois, falando sobre aquele tabernáculo e as cerimônias que nele eram realizadas, afirma que aquela estrutura e os seus rituais eram um símbolo do que Jesus iria fazer no futuro:

“Ora, o resumo do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado no Céu à direita do trono da Majestade (1), ministro do santuário, do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor construiu, e não o homem (2)” (Hebreus 8:1-2).

Para maior clareza, ele acrescenta:

“Os quais servem de exemplar e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou” (Hebreus 8:5).

O que Moisés deve ter visto e reproduziu? O mesmo apóstolo responde, afirmando que Jesus é o Sumo sacerdote de uma obra perfeita de expiação, agora realizada não num edifício construído por mãos de homens, mas numa estrutura edificada pelo próprio Deus; nem pelo sangue de animais, como era antes executado, mas por seu próprio sangue, com o objetivo de perdoar os pecados dos homens.

O tabernáculo ou santuário do deserto foi depois substituído pelo portentoso templo de Salomão, uma das maravilhas do mundo antigo, destruído e queimado por Nabucodonosor, rei de Babilônia, no ano 586 a.C. e depois reconstruído. Em todas estas estruturas todo o traçado foi proporcionalmente reproduzido, observando os requisitos do modelo original.

As duas construções e o tabernáculo do deserto tinham em comum o pátio exterior e um compartimento interior separado por um véu.

No pátio ficava o altar dos sacrifícios, onde era morto o cordeiro ou outro animal.

No primeiro compartimento, chamado de lugar santo”, ficavam três utensílios: à direita, uma mesa onde eram colocados os pães da proposição. À esquerda um candelabro com sete lâmpadas e mais à frente, ao centro, o sagrado altar do incenso.

Além do véu, no segundo compartimento separado por uma cortina, ficava o lugar chamado Santo dos Santos ou Lugar Santíssimo. Nele estava o objeto mais sagrado da nação, a Arca da Aliança, que continha as tábuas com os dez mandamentos, escritos com o dedo de Deus. A tampa dessa arca, de ouro batido era o Propiciatório, onde se manifestava visivelmente a glória de Deus, chamada “Shekinnah”. Sobre essa tampa dois anjos esculpidos em ouro puro, cujas asas se encontravam, representavam os anjos cobridores que assistem diante de Deus, no Santuário original, no Céu.

OS SACRIFÍCIOS DE ANIMAIS QUE SIMBOLIZAVAM O SACRIFÍCIO DA CRUZ

Quando após Sua ressurreição Jesus Se revelou a dois discípulos no caminho de Emaús Ele lhes desvendou todo o significado das cerimônias do ritual do antigo santuário, que se cumpriram em Sua humilhação e morte. Ele lhes disse:

“Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na Sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dEle se achava em todas as Escrituras(Lucas 24:26-27).

Mais tarde, nesse mesmo dia, Ele Se apresentou diante dos seus apóstolos, esclarecendo-lhes:

“São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de Mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos salmos. Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras” (Lucas 24:44-45).

Todas as cerimônias instituídas por Deus por meio das instruções dadas a Moisés diziam respeito ao sacrifício do Messias, na cruz, e ao perdão e apagamento dos pecados. Elas eram sombra ou imitação de eventos futuros, que eram por elas prefigurados. Um tipo dessas cerimônias era realizado diariamente, duas vezes por dia e o outro tipo era realizado apenas uma vez por ano.

O primeiro era realizado diariamente, no primeiro compartimento do santuário e se dividia em dois tipos de sacrifício: O sacrifício individual e o sacrifício por toda a nação. As cerimônias diárias significavam o perdão pelos pecados confessados. O segundo tipo de sacrifício era realizado apenas uma vez por ano, no segundo compartimento, e significava o completo esquecimento ou extinção daqueles pecados. 

 O SACRIFÍCIO INDIVIDUAL:

O primeiro sacrifício individual foi realizado por Adão e instruído por Deus, ainda no Éden, logo após os pais da humanidade terem pecado. Ao proferir Sua sentença de morte, Ele também revelou o Seu Evangelho, a promessa da esperança e retorno do homem à condição original de inocência e pureza. Mas enquanto não se cumprisse essa promessa o casal e sua descendência teria que cumprir um ritual simbólico, para que não se esquecessem de sua condição e da própria promessa.

Ele tomou naquela ocasião um cordeiro e fez com que Adão o matasse, orientando-o para que soubesse que esta morte era uma morte substituta e que o animal inocente estava sendo executado em seu lugar. Revelou-lhe que essa cerimônia apontava para a morte do próprio Criador que deveria assumir a condição e natureza humana e morrer em lugar do casal e sua descendência, pois somente assim a Sua justiça seria preservada diante do Universo. Não havia Ele afirmado positivamente que se eles desobedecessem ao Seu mandamento, eles certamente morreriam, no mesmo dia? (Gênesis 2:17).

Com as peles desse cordeiro Ele confeccionou para Adão e sua mulher túnicas para que cobrissem sua nudez (Gênesis 3:21). A cerimônia deveria se estender por todo o tempo futuro, enquanto não se cumprisse a promessa e foi realizada até que o ritual do santuário fosse definitivamente estabelecido, mais de 2.500 anos depois, no Sinai.

A partir daí o pecador contrito deveria comparecer diante do sacerdote, apresentar o animal que deveria ser sacrificado em seu lugar, colocar sua mão sobre a cabeça da vítima inocente e confessar o seu pecado, sabendo que ela morria em seu lugar (Levítico 1:4-5).

Pelo sistema de justificação estabelecido por Deus através do ritual do santuário, cada pessoa deveria apresentar uma oferta, ao pecar. O animal era sacrificado, simbolicamente, em lugar do pecador arrependido e representava a Jesus Cristo que, como o Messias prometido, viria futuramente para dar-Se como o verdadeiro sacrifício por todos os pecados. Ao sacrificar o cordeiro, o pecador manifestava sua fé no Salvador vindouro e sua aceitação ao plano de Deus.

O SACRIFÍCIO PELA NAÇÃO:

Pelo ritual do santuário e por orientação de Deus os sacrifícios somente eram realizados em Jerusalém, no recinto do templo. Como toda a nação ali comparecesse somente em algumas ocasiões nas grandes festas nacionais, foi estabelecido por Deus o sistema de sacrifício diário, realizado por toda a nação.

Durante todo o ano, diariamente, o ritual simbólico e típico prescrito por Deus era realizado no pátio, e no primeiro compartimento do santuário, chamado lugar santo. Dentre as cerimônias que constituíam o serviço diário destacava-se a que determinava o sacrifício de um cordeiro sobre o altar a cada tarde e cada manhã. Este cordeiro representava toda a nação e era uma espécie de resumo de todas as ofertas. Era uma oferta substituta, de sangue, que significava expiação.

Duas vezes ao dia, pela tarde e pela manhã, à hora terceira e nona respectivamente, era sacrificado um cordeiro de um ano, sem mancha e sem defeito. Esses sacrifícios eram ofertados por toda a nação, mas aproveitava a cada indivíduo. Na impossibilidade de, por alguma razão, oferecer individualmente e de imediato sua oferta por um pecado cometido, o pecador sabia que aqueles sacrifícios serviam como uma expiação temporária para si, até que pudesse apresentar a sua oferta pessoal.

No entanto, apesar de estes sacrifícios serem oferecidos para toda a nação, somente teriam eficácia para aqueles que deles lançassem mão, que o aceitassem. Assim, também, permanece o fato de que Jesus morreu por todos, por toda a humanidade, mas o Seu sacrifício expiatório e substituto somente terá eficácia para aqueles que O aceitarem individualmente.

Todos os pecados que eram confessados sobre os animais que representavam a Cristo eram transferidos, simbolicamente, para o santuário. Havia, no entanto, pecados não confessados e não abandonados, porquanto sempre houve – e sempre haverá - pessoas impenitentes e obstinadas que permaneciam indiferentes às claras determinações e conselhos de Deus, não reconhecendo sua culpa e, em consequência, não recebendo o Seu perdão.

Durante todos os dias do ano, ininterruptamente, estes sacrifícios eram realizados no altar localizado no pátio e o sangue era conduzido para o lugar santo. Os pecados que eram assim representados eram lançados ou transferidos para o santuário, contaminando-o. Apesar de perdoados, quando confessados e abandonados, restituindo o pecador ao favor divino, poder-se-ia dizer que os seus registros permaneciam no santuário.

Um substituto era aceito em lugar do pecador, mas o pecado não era cancelado pelo sangue da vítima. Provia-se, desta maneira, um meio pelo qual era transferido para o santuário. Pelo oferecimento do sangue, o pecador reconhecia haver pecado, pela transgressão à lei. Ao confessar sua culpa, exprimia o desejo de perdão pela fé num Redentor vindouro.

Esses pecados estavam perdoados, mas não estavam apagados. Se voltasse à impiedade, pecando voluntária e deliberadamente, os pecados anteriormente perdoados voltariam a ser compreensivelmente imputados ao pecador. Assim, a sua completa exclusão e apagamento somente ocorreria no soleníssimo dia da Expiação ou do Juízo, quando seriam completamente apagados e esquecidos, como se nunca tivessem sido cometidos.

O SACRIFÍCIO ANUAL: A PURIFICAÇÃO DO SANTUÁRIO, O DIA DO JUÍZO:

O dia da expiação era o mais solene e sagrado de Israel. Era o dia do juízo do povo e da purificação do santuário. Ele era celebrado no mês de Tishri, o sétimo mês do calendário judaico, no décimo dia do mês (Levítico 23:27). Nesse dia todos os pecados transferidos para o santuário deveriam para sempre ser apagados. Era uma ocasião tão solene e sagrada que o seu preparo tinha início dez dias antes, conforme determinação do próprio Senhor (Levítico 23:24).

Ao chegar o soleníssimo dia da expiação todos deveriam afligir a sua alma (Levítico 16:31), fazendo profundo exame de consciência, para ver se porventura algum pecado não fora esquecido ou deixado de ser confessado a Deus, e abandonado. O dia da expiação era o único no ano em que alguém – o sumo-sacerdote - podia entrar no segundo compartimento do santuário, o santo dos santos ou lugar santíssimo.

Somente ele, naquela ocasião especialíssima, tinha acesso àquele lugar sagrado. Nenhuma outra pessoa, em nenhuma outra ocasião, ali poderia entrar, sob pena de morte. O sumo-sacerdote, representando Jesus Cristo, oficiava na ocasião vestido de linho, deixando de lado as vistosas e imponentes vestimentas que lhe eram peculiares. Tomava, então, dois bodes para expiação do pecado e um carneiro para holocausto. Eram lançadas sortes sobre os dois bodes. Um dos bodes, então, representava o Senhor. O outro, chamado bode emissário, representava Azazel ou Satanás.

No cerimonial típico da antiga dispensação judaica, assim como o cordeiro representava Cristo, a justiça e os seus resgatados, o bode representava Satanás, o pecado e os impenitentes (Mateus 25:31-46). Mas Jesus, o imaculado filho de Deus que nunca conheceu pecado, foi feito pecado e contado com os transgressores (Isaías 53:12), para cumprir todo o processo exigido pela justiça divina para justificar a humanidade e resgatá-la da maldição do pecado, que é a morte eterna.

Em outras ocasiões foi Jesus também representado por símbolos do pecado. Na jornada dos Israelitas pelo deserto, havendo o povo pecado contra o Senhor, sobreveio-lhe, como consequência de sua rebeldia e murmuração, uma terrível praga de serpentes ardentes, cujas picadas mortais já haviam matado milhares de pessoas quando, a pedido do povo, Moisés orou ao Senhor. E disse o Senhor a Moisés:

“Faze uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido que olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal, e pô-la sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a serpente de metal, e ficava vivo” (Números 21:8-9).

Aquela serpente de metal representava a Jesus, conforme Suas próprias palavras, ao falar a Nicodemos sobre o novo nascimento, da água e do espírito, sem o qual ninguém pode ver o reino de Deus:

“E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado; para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:14-15).

O bode sobre o qual caísse a sorte pelo Senhor e que representava a Jesus era oferecido para expiação pelo pecado (Levítico 16:9), como oferta pelo pecado do povo. Depois, como estava prescrito por Deus, era degolado este bode da expiação, que era para o povo, e o seu sangue era trazido pelo Sumo Sacerdote para dentro do véu.

O sangue era então espargido sobre o propiciatório (Levítico 16:15), sob o qual estava a Lei transgredida e que exigia a morte do transgressor. Era aspergido, também, sobre o altar de incenso, que ficava diante do véu. E assim, era feita “expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, segundo todos os seus pecados” (Levítico 16:16).

Assim era o santuário purificado e santificado, como está escrito:

“E daquele sangue espargirá sobre ele com o seu dedo sete vezes, e o purificará das imundícias dos filhos de Israel, e o santificará” (Levítico 16:19).

Desta forma, todos os pecados que haviam sido transferidos simbolicamente para o santuário durante todo o ano, conta­minando-o, eram então removidos, cancelando-se definitivamente os seus registros.
E continua a Palavra de Deus, em suas instruções:

“Havendo, pois, acabado de expiar o santuário, e a tenda da congregação, e o altar, então fará chegar o bode vivo. E o sumo-sacerdote porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo (que representava Azazel ou Satanás), e sobre ele confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão dum homem designado para isso. Assim aquele bode levará sobre si todas as iniquidades deles à terra solitária; e enviará o bode ao deserto” (Levítico 16:20-22).

Ao ser levado ao deserto, este bode não mais retornava ao acampamento de Israel. Era exigido do seu condutor que se lavasse, antes de voltar ao acampamento. Tudo isto tinha como objetivo impressionar os israelitas com a santidade de Deus e o Seu horror ao pecado. Ficava claro que eles não podiam entrar em contato com o pecado sem se poluir.

Todas essas impressivas cerimônias apontavam para uma realidade futura, no santuário celestial. Tudo era a representação simbólica e típica daquilo que Jesus, o nosso Sumo-sacerdote, iria realizar no futuro, no Santuário Celestial, depois que o sacrifício de Sua vida fosse oferecido no verdadeiro altar – o Monte do Calvário.

PRIMEIRA PARTE DO MINISTÉRIO DE JESUS NO SANTUÁRIO DO CÉU

“Depois destas coisas olhei, e diante de mim estava uma porta aberta no Céu. E a primeira voz que, como de trombeta, eu tinha ouvido no princípio falando comigo, disse: Sobe até aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas (1)”.
“Imediatamente fui arrebatado em Espírito, e diante de mim estava um trono no Céu, e Alguém assentado sobre o trono (2)” (Apocalipse 4:1-2).

Depois de sua morte e ressurreição Jesus esteve na terra, onde foi visto, por quarenta dias, antes de subir aos Céus e iniciar sua obra de intercessão no Santuário Celestial. Depois de dar instruções aos Seus discípulos Ele Se despediu deles e ascendeu aos céus diante de uma multidão maravilhada, que O viu subir aos céus até que uma nuvem O encobriu (Atos 1:1-8).

O que aconteceu a seguir? Depois de apresentar o Seu sacrifício ao Pai, acompanhado daqueles que ressuscitaram depois da Sua ressurreição (Mateus 27:52-53), Ele ungiu o Santuário Celestial (Daniel 9:24; Hebreus 9:23-24) e deu início à primeira parte do Seu trabalho expiatório, que era prefigurado no ritual levítico durante todo o ano, realizado no primeiro compartimento do santuário terrestre.

“E quando dizia isto, vendo-O eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus 0lhos (9). Ele foi recebido em cima (no céu), depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera (2). E estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco (10), os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir “(11). (Atos 1:2, 9-11).

ALGUNS TEXTOS EXPLICATIVOS

“E seu ministério sacerdotal no Céu cobre o período entre Sua ascensão e Seu segundo advento como Rei dos reis, para ajuntar os remidos e dar fim ao trágico domínio do pecado” (Questões sobre Doutrina, Cpb, pag. 173).

“Todo o Céu estava esperando para saudar o Salvador à Sua chegada às cortes celestiais. Ao ascender, abriu Ele o caminho, e a multidão de cativos libertos à Sua ressurreição O seguiu. A hoste celestial, com brados de alegria e aclamações de louvor e cântico celestial, tomava parte na jubilosa comitiva...”

“Então se abrem de par em par as portas da cidade de Deus, e a angélica multidão entra por elas, enquanto a música prorrompe em arrebatadora melodia.”

“Ali está o trono, e ao seu redor, o arco-íris da promessa. Ali estão querubins e serafins. Os comandantes das hostes celestiais, os filhos de Deus, os representantes daqueles reinos imaculados sobre os quais Satanás pensara estabelecer seu domínio – todos ali estão para dar as boas vindas ao Redentor. Estão ansiosos por celebrar-Lhe o triunfo e glorificar seu Rei.”

“Mas Ele os detém com um gesto. Ainda não. Não pode receber a coroa de glória e as vestes reais. Entra à presença do Pai (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, Cpb, pag. 833 e 834. Destaques acrescentados).

“Assim como Cristo, por ocasião de Sua ascensão, compareceu à presença de Deus, a fim de pleitear com Seu sangue em favor dos crentes arrependidos, também o sacerdote, no ministério diário, aspergia o sangue do sacrifício no lugar santo em favor do pecador.” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, pag. 357, destacado).

Este solene acontecimento estava, já, revelado na inspirada palavra profética vários séculos antes do seu cumprimento:

“Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu, um como o Filho do homem, e dirigiu-Se ao Ancião de dias, e O fizeram chegar até Ele. (Daniel 7:13).

Este texto do livro de Daniel expressa perfeitamente o que está confirmado na recepção de Jesus no Santuário do Céu, o Palácio de Deus. É o início do Seu ministério tipificado no serviço do cerimonial levítico realizado no primeiro compartimento do santuário terrestre.

“Mostra (a Ele) a fronte ferida, o alanceado flanco, os dilacerados pés; ergue as mãos que apresentam os vestígios dos cravos. Aponta para os sinais de Seu triunfo; apresenta a Deus o molho movido, aqueles ressuscitados com Ele como representantes da grande multidão que há de sair do sepulcro por ocasião de Sua segunda vinda. Aproxima-Se do Pai, em quem há alegria a cada pecador que se arrepende; que sobre ele se regozija com júbilo. Antes que os fundamentos da terra fossem lançados, o Pai e o Filho Se haviam unido num concerto para redimir o homem, se ele fosse vencido por Satanás. Haviam-Se dado as mãos, num solene compromisso de que Cristo Se tornaria o fiador da raça humana. Esse compromisso cumprira Cristo. Quando sobre a cruz soltara o brado: ‘Está consumado’, dirigira-Se ao Pai. O pacto fora plenamente satisfeito. Agora Ele declara: ‘Pai, está consumado. Fiz ó Meu Deus, a Tua vontade. Concluí a obra da redenção. Se a Tua justiça está satisfeita, ‘quero que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo’”. S. João 19:30; 17:24.
“Ouve-se a voz de Deus proclamando que a justiça está satisfeita. Está vencido Satanás” (Obra citada, pag. 834. Destaquei).

Não se pode esquecer que todo o ritual do antigo santuário Levítico foi estabelecido por Deus no passado e era simbólico do que deveria acontecer no futuro e que o santuário terrestre era composto de três partes: o pátio, e o santuário propriamente dito, com dois compartimentos chamados respectivamente de lugar santo e lugar santíssimo.

E que no pátio estava o altar onde um cordeiro sem manchas e sem defeitos era sacrificado, todos os dias, o ano inteiro. O pátio representava a Terra. O monte do Calvário, onde Jesus, o Cordeiro de Deus, foi sacrificado, era representado pelo altar do sacrifício.

E, ainda, que no lugar santo ficava o candelabro de ouro, representação do que João viu ao ser arrebatado no início de sua visão. Nesse lugar ficava, também, a mesa com doze pães, chamados pães da proposição, representando as doze tribos de Israel.

Finalmente, diante da cortina que separava o lugar santo do lugar santíssimo, ficava o altar de incenso. Nesse lugar, durante todo o ano, os sacerdotes oficiavam oferecendo o sacrifício do cordeiro, aspergindo o seu sangue, para perdão dos pecados do povo.

Finalmente, que no lugar santíssimo ficava a arca da aliança, ou do concerto, coberta com uma tampa de ouro chamada propiciatório e encimada por dois querubins de ouro. Representava o próprio lugar onde está o trono de Deus, indicado pelos anjos de ouro. Dentro da arca estavam as tábuas onde Deus escreveu, com Seu próprio dedo, os dez sagrados mandamentos. Nesse lugar, uma vez ao ano, somente o sumo-sacerdote adentrava para a cerimônia mais solene do calendário judaico: o dia da Expiação, ou do perdão definitivo. O Yom Kippur.

O sagrado livro profético continua:

“E o que estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra jaspe e sardônica; e o arco celeste estava ao redor do trono, e parecia semelhante à esmeralda” (4:3).

A descrição do Todo-poderoso assentado em Seu trono já havia sido feita antes:
“E por cima do firmamento, que estava por cima das suas cabeças, havia uma semelhança de trono como duma safira; e sobre a semelhança do trono havia como que a semelhança dum homem, no alto, sobre ele” (Ezequiel 1:26).

“No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o Seu séquito enchia o templo (palácio)(Isaías 6:1).

Séquito é a comitiva que acompanha uma autoridade.

“Ao redor desse trono havia outros vinte e quatro tronos, e assentados sobre eles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, que tinham nas suas cabeças coroas de ouro” (Apocalipse 4:4).
Também esta cena já estava patenteada aos olhos do profeta, muitos séculos antes:
“Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos e um Ancião de dias Se assentou. O Seu vestido era branco como a neve, e o cabelo da Sua cabeça como a limpa lã; o Seu trono chamas de fogo, e as rodas dele fogo ardente” (Daniel 7:9).

“E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete Espíritos de DEUS” (Apocalipse 4:5).

O número sete na simbologia bíblica indica perfeição e plenitude. As sete lâmpadas de fogo representam claramente a plenitude do Espírito de Deus, o Espírito Santo, que era simbolizado pelo candelabro ou castiçal com sete lâmpadas, que ficava no primeiro compartimento do templo, onde era realizada a primeira parte do ritual típico de sacrifícios diários, durante todo o ano. Nunca é demais repetir isso.

“E havia diante do trono um como mar de vidro, semelhante ao cristal. E no meio do trono, e ao redor do trono, quatro animais cheios de olhos, por diante e por detrás” (Apocalipse 4:6).

Também esta visão já havia sido mostrada a outro profeta, séculos antes:

“E todo o seu corpo, e as suas costas, e as suas mãos, e as suas asas, e as rodas, que os quatro tinham, estavam cheias de olhos em redor. (Ezequiel 10:12).

O mar de vidro, semelhante ao cristal, é uma figura limitada, em que o profeta tenta traduzir a extensão e o esplendor do que vê e não consegue expressar com linguagem humana. Em outro texto ele substitui a palavra cristalpor misturado com fogo”, tal a glória do que vê (Apocalipse 15:2).

“E o primeiro animal era semelhante a um leão, e o segundo animal semelhante a um bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como de homem, e o quarto animal era semelhante a uma águia voando” (Apocalipse 4:7).

Esses “animais”, também traduzidos como “seres viventes”, são os resplendentes querubins, anjos dotados de extraordinário poder e glória, que assistem diante de Deus. São chamados de querubins cobridores e são os que estão mais próximos de Deus, e assim O servem. A semelhança ou aparência dos seus rostos é decididamente simbólica, dado que os que os viram não conseguem expressar em palavras a sua visão.
Em toda a Bíblia a aparência dos rostos dos anjos é como a dos rostos de homens.  E assim cremos ser a aparência de todos os seres inteligentes do Universo, todos criados à semelhança de Deus, que com essa aparência Se decidiu revelar às Suas criaturas, os Seus filhos.

O texto do profeta não deixa dúvida de que se referem a um mesmo cenário:

“E a semelhança dos seus rostos era como o rosto de homem; e à mão direita todos os quatro tinham rosto de leão, e à mão esquerda todos tinham rosto de boi; e também rosto de águia todos os quatro” (Ezequiel 1:10).

A simbologia das palavras é esclarecida, revelando o seu real significado:

“Estes são os animais que vi debaixo do Deus de Israel, junto ao rio Quebar; e conheci que eram querubins” (Ezequiel 10:20). 

APOCALIPSE 4:8-11 - Conclusão

“Os quatro querubins tinham, cada um seis asas e ao redor e por dentro estavam cheios de olhos. Eles proclamam, repetidamente, sem se cansar: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, Aquele que era e que é, e que há de vir (8). A cada vez que os querubins dão glória, honra e ação de graças Àquele que está assentado no trono e que vive para todo o sempre (9) os vinte e quatro querubins se prostram diante daquele que está assentado no trono e O adoram. Eles lançam as suas coroas diante do trono, proclamando (10): Digno és tu, Senhor nosso e Deus nosso, de receber a glória, a honra, e o poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas” (11).

Esta, cremos, é a apresentação que Jesus fez do cenário onde ele iniciou o seu ministério sacerdotal, ao subir ao Céu. Tudo tem um significado que cumpre o plano original de Deus para justificar o pecador e fazer compreensíveis diante de todos os anjos e de todo o universo a retidão dos Seus princípios morais, da justiça e do amor.

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